Saturday, December 30, 2006

Uma das pinturas é da autoria de Marc Chagal. Artista russo nascido no século passado. A outra é da autoria de um artista açoriano.
PS: Os Açores não estão assim tão longe como alguns querem fazer crer. Onde estão os apoios à arte açoriana? Não estará já na altura de repensarmos a nossa arte e literatura? Estará a nossa cultura apenas nas mãos dos comerciantes e por conseguinte restrita ao lucro pelo lucro? Vamos entrar no ano 2007, era bom rever, a nível de intervenção política, o estado da cultura na região. Seria bom acabar de uma vez por todas com a cultura oficial. Já deu o que tinha a dar.

Thursday, December 28, 2006

UMA DAS PINTURAS PERTENCE A UM PINTOR DE ORIGEM RUSSA.

Tuesday, December 26, 2006

DESCOBRIR OS ARTISTAS


“Pintura polifacélica, profundamente pessoal, contendo elementos cubistas e surrealistas. Apresenta facilidades decorativas. Caracteriza-se por ser uma pintura lírica e onírica. Traduz recordações infantis.”
In Herbert Read
“Da arte e dos Artistas”


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Wednesday, December 20, 2006


FINALMENTE, O MEU SOUZA-CARDOSO

Por volta dos anos sessenta, tomei de renda uma casa de pedra numa freguesia situada a setenta quilómetros de Mação. Aí, passei o Inverno mais frio de que tenho memória. Vivi-o praticamente deitado na cama e com a lareira sempre com lume alto. Um dia acabaram-se os mantimentos e não tive outro remédio senão deslocar-me a Vila da Feira, que creio ser a povoação mais próxima da tal aldeia - cujo nome esqueci - para comprar mantimentos. Quando vinha a sair da mercearia com os produtos que me iriam permitir entrar nos lençóis por mais uns bons quinze dias, fui reconhecido por uma pessoa com que eu me relacionara em Lisboa, no bairro de Campo de Ourique. Ele pertencia a um grupo que cometia crimes sistemáticos contra a segurança do Estado reunindo-se clandestinamente aqui e ali. Uma dessas reuniões até teve lugar na minha residência, na rua Almeida e Sousa. Nunca percebi como é que meia dúzia de papéis poderiam fazer perigar a querida ditadura do saudoso putanheiro de Santa Comba Dão (Felícia Cabrita dixit)... Ele fez-me sinal para eu não me desmanchar. Assim fiz. Meti-me no carro, andei um quilómetro e depois parei na estrada à espera dele. Pouco tempo depois apareceu o tal conhecido. Arranquei com ele até à aldeia, que não tinha mais do que quinze casas. Esperamos que ficasse escuro e depois enfiei-o na minha. Escusado estar a perguntar fosse o que fosse. Ele estava fugido. Um dia, quando lhe calhou foi-se. Deixou-me de oferta um Amadeo de Souza-Cardoso, como agradecimento à minha hospitalidade. Nunca mais o vi. Nem mesmo depois do 25 de Abril o descobri entre os que assaltaram o Estado e que, ainda hoje, por lá andam. Morreu? Não sei! Quando a campanha da caça ao geodésico acabou, regressei a Lisboa trazendo comigo a pintura. Nesta cidade habitei em quartos e em apartamentos. Quando havia cacau: apartamento. Teso: dona Filomena e os seus quartos de aluguer. Era a vida, ora se era! A dona Filomena era uma gaja porreira. Dizia-me sempre: o senhor Melito está sempre a saltar. Arranje uma fixa e vai ver que é melhor. O senhor precisa de assentar. Talvez motivado pelas boas palavras da querida senhora, arranjei uma fixa. Depositei-lhe o Amadeo e nunca mais a vi. A fixa emigrou para França levando consigo a lembrança do fugitivo. Casou, teve filhos e filhas. A fixa morreu. Uma das filhas encontrou na cómoda entre os seus pertences o Amadeo enrolado num papel. Nesse papel estava escrito: “este desenho pertence ao Melito dos Açores que me deu para guardar” - Isto não lhe dizia nada até que um dia ao falar com um açoriano de São Miguel perguntou se ele conhecia quem era o Melito dos Açores. Por acaso o micaelense conhecia-me, pois tinha estado preso comigo no mesmo estabelecimento... Recebi o Amadeo via CTT com uma pequena carta a contar-me a morte da mãe e do achado da pintura. “A desenhar desta maneira, como poderia minha mãe ter gostado de si?”
Há cada Pai Natal!
manuelmbento
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Friday, December 15, 2006

OS PANINHOS DE VER A DEUS NO RABINHO DE UMA AMANTE DE SALAZAR E A OFERTA DE MEU IRMÃO CARLOS
Na quinta-feira passada, meu irmão Carlos e eu trocámos presentes. Eu fiquei com “Os Amores de Salazar” de Felícia Cabrita e ele levou uma pena para continuar a escrever os monólogos da sua “História dos Açores” que lá de vez em quando passa na RTP/Açores, sem o contraditório. Entendi a oferta como uma pequenina e familiar provocação. O costume. Mediático é assim. Era para ter colocado o livro na prateleira dos perdidos e achados, mas como Felícia Cabrita é uma pesquisadora de escândalos sexuais resolvi lê-lo, na esperança de “ver” o velho e bondoso ditador a fazer sexo oral à condessa de Asseca ou à Christine Garnier, sua biógrafa - uma francesa pouco dada a lavar as partes que para ele eram sagradas. Também, confesso, esperava excitar-me só de o pensar de cócoras em frente daquilo que eu quando era miúdo julgava ser a ranhura da fechadura da quinta do meu avô da Vila. (Em crónicas passadas expliquei a razão da minha confusão) Bem, adiantemos serviço. O livro é prefaciado pelo Professor Freitas do Amaral (o professor está em todas, safa!) que aproveitou para escrever algo sobre Salazar como nunca ninguém o fizera até hoje. Freitas do Amaral é o máximo. Que grande cabeça! Felícia Cabrita para escrever sobre as quecas de Salazar utilizou uma linguagem estilo Júlio Dinis. Li três quartos da obra, porque, entretanto, na SIC Radical estava uma boazona a despir-se, e eu preciso tanto. Mas daquilo que li, fiquei com a sensação de que o velho botas era muito namorador. Só que os namoros eram do estilo de que nenhuma das suas conquistas perderia a virgindade com ele. Uma coisa achei gira: foi o facto de Salazar ter “ordenado” à sua virgem governanta que aquecesse água para lavar a mal cheirosa Garnier, antes de esta dormir com ele. Parece que Salazar fez de São Bento uma casa de putas. No meu tempo de rapaz o que havia nos quartos das rameiras era o bidé onde elas se lavavam à frente dos clientes. Higiene acima de tudo. Salazar era muito arrumado. Isto eu soube por fora. Quando se levantava, o antigo ditador dirigia-se ao seu altar privado e começava a enfeitá-lo com flores e panos sagrados. Estes panos quando já não estavam em condições de servirem a Deus, Salazar não os punha fora. Servia-se deles para passá-los pelo sexo das amásias. Esta parte não vem no livro. Por que é, também não posso fazer história? Olha se a Felícia Cabrita tem passado por São Bento ou mesmo em São Julião da Barra para o entrevistar? Safa macho!
manuelmbento


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Saturday, December 09, 2006


ADEUS ALBERTO JOÃO

Depois de a Região Autónoma da Madeira ter visto o apoio político, económico e financeiro do Ministério das Finanças ficar reduzido a meio da legislatura regional, o dr. Alberto João deu início a uma nova estratégia diplomática. Estando em causa os interesses da Madeira, não se lhe conhecem jeitos partidários. Ao contrário de outros políticos que tudo sacrificam para se manterem nos lugares eternamente, Alberto João distancia-se do modelo do político que o 25 de Abril produziu. O seu não alinhamento com as “directivas” do Governo Central impediram até hoje que Portugal se recompusesse psicologicamente como no tempo do “Portugal Uno e Indivisível”. A obediência mais ou menos disfarçada dos governos açorianos quer tivessem sido social-democratas no passado ou socialistas como são-no hoje nunca foram impedimento para este saudoso epitáfio prevalecer na prateleira dos apetites. Os Açores são nove ilhas desgovernadas. Ou melhor, governadas à base da chantagem que cada uma delas pode ou deve fazer a um governo – no caso regional - que se tem visto à rasca para dividir por elas o que vem de fora como uma espécie de esmola. Não conseguimos produzir um único par de cuecas. E tudo que diga respeito às necessidades básicas com excepção do leite e alguns derivados também por cá não tem paternalidade. Somos tetraplégicos na economia. Esta burguesia que nos governa criou um circuito de dependências que só terá fim quando Portugal acabar. Se um dia as vacas resolverem aprender costura talvez tenhamos mais sorte. Até lá vamos ter de esperar por uma coisa de duas: ou nos livrámos de quem nos arrasta para o desastre e começamos a não permitir que a riqueza que criamos se escoe indecentemente para o exterior tornando-nos ,de facto, autónomos ou entregamos esta vergonhosa autonomia a quem de direito, que é como quem diz a Portugal que a fez e a pariu para manter subjugadas populações que sempre estiveram treinadas para obedecer. E obedecem mesmo depois de se lhes terem dado oportunidades de poderem pensar pela sua própria cabeça. Universidades temos três! Escolas básicas e secundárias rodam as centenas. Só falta, pois, fazer saltar Alberto João do poder para que a unidade nacional volte a ser o que já fora. Entenda-se a unidade nacional como o projecto de sempre: Portugal é Lisboa, o resto é paisagem. A verdade é que este tipo de política impõe-se sempre. Basta que se atenda ao facto de em vez de se criar um aeroporto entre Lisboa e Algarve se esteja a empenhar os portugueses com a feitura de um aeroporto para substituir nem mais nem menos o de Lisboa. Depois, vem o tão “necessário” TGV. Não começa a partir do Porto, por exemplo. Tem de começar por Lisboa, que como se sabe já está servida ao ponto de este meio de transporte só permitir poupar trinta minutos em relação aos actuais combóios numa viagem ao Porto. É demasiado claro o que se está a pretender fazer. Ficaremos na mesma. Lisboa acompanhará o progresso europeu e o resto do país ficará à espera de melhores políticas. Entretanto as ilhas voltam a ser ilhas. Já não era sem tempo. Depois, para fechar este velho e estafado circuito de cada vez mais na mesma, um dos muitos deputados que se costumam sentar no Parlamento Português levantar-se-á e dirá na vez em que é permitido aos imbecis residentes lerem os recados do seu chefe: Portugal, velha glória peninsular, tem soldados seus a combater em todas as frentes de guerra onde também estão os americanos. Eu penso que basta. Ah! Esquecia-me só de mais uma coisita: o Primeiro-Ministro é solteiro e se não casa talvez queira imitar o outro que casou com a Pátria.
manuelmbento
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Sunday, December 03, 2006


GOLPE DE ESTADO: NOVO MODELO

Cavaco Silva prepara um Golpe de Estado à moderna. Portugal está roto. É preciso cosê-lo. O penúltimo Golpe de Estado que teve lugar entre nós, corria o ano de 1926. Instaurou-se uma ditadura militar que durou até 1932. De 1928 a 1932, governou as Finanças o filho da dona Maria do Resgate. Este período, caracterizou-se pelo fim da traquinice e pela contenção de despesas nos diversos ministérios. O Presidente da República e o Primeiro-Ministro eram unha com carne. Salazar apertava e o Carmona sorria acompanhado pelo Cardeal Cerejeira. Salazar do Resgate dizia ao tempo que a República não era incompatível com a existência da vida religiosa. Em 1974, teve lugar o último Golpe de Estado. Daí surgiu uma pequena ditadura militar que durou praticamente até às eleições para a Constituinte. De 1976 até à eleição de Cavaco à Presidência da República, Portugal foi governado e desgovernado por uma série de personalidades que foram catapultadas para o exercício do poder mercê de requisitos muito duvidosos. A comunicação social não está isenta de culpas na feitura das mesmas perante um povo de analfabetos orientado por uma elite intelectual desligada dos verdadeiros valores populares e das suas mais prementes necessidades. Salazar, do Resgate ou não, era um estadista. A criação do Estado Novo demonstra-o. Não vamos questioná-lo nestas linhas porque ainda é muito cedo para fazer história para além dos sentimentos e da subjectividade. Até hoje, e desde o período que começa em 25 de Abril de 1974 só uma personalidade tinha a visão do Estado português. Essa foi Álvaro Cunhal. Um Estado socialista, diga-se, mas Estado. Com o desaparecimento de Cunhal extinguiu-se a possibilidade de vermos uma Nação organizada, no modelo por ele protagonizado. E difícil seria a sua constituição socialista a destempo numa Europa liberal por opção e desnorte. Liberal por ideologia ideossincrática e desnorteada pela voracidade com que se expande para lá dos Urais em busca de novos mercados e de sangue novo. Cavaco aprendeu com o tempo o como tornar-se estadista. Estuda o programa de Salazar no período em que este impõe as regras económicas que transformariam Portugal num país com sentido (?). Como Primeiro-Ministro, e com a ignorância que lhe era atribuída (hoje, ultrapassou a sua falta de visão de conjunto) governou para as estradas e para os CCBs da sua tacanhez. Sobrecarregou os ministérios tornando a máquina do Estado muito pesada. Teve seguidores como Guterres. Só que este era socialista e, como tal, competia ao Estado suprir as carência dos cidadãos. Beato e socialista, o que se poderia esperar mais? Cavaco, hoje, faz de Marechal (Carmona) quando Sócrates (um mandarete do capitalismo internacional) cumpre os desígnios domesticados de um Portugal à beira de uma ditadura globalizante e faz de Salazar quando leva o mesmo Sócrates a apertar as veleidades dos portugueses quando pensam
que são europeus
de pleno direito. Ainda falta muito para Cavaco concretizar o seu sonho. Isto é, fazer de Portugal um país de pleno direito Capitalista e Monopolista. Mas o caminho está aberto para um plebiscito que lhe dará a possibilidade de ver todo um povo referendá-lo. O mesmo aconteceu com o filho da dona Maria do Resgate:esvaziar o poder a todos e concentrá-lo em si. E depois foi o que se viu.
manuelmbento
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