Saturday, December 09, 2006


ADEUS ALBERTO JOÃO

Depois de a Região Autónoma da Madeira ter visto o apoio político, económico e financeiro do Ministério das Finanças ficar reduzido a meio da legislatura regional, o dr. Alberto João deu início a uma nova estratégia diplomática. Estando em causa os interesses da Madeira, não se lhe conhecem jeitos partidários. Ao contrário de outros políticos que tudo sacrificam para se manterem nos lugares eternamente, Alberto João distancia-se do modelo do político que o 25 de Abril produziu. O seu não alinhamento com as “directivas” do Governo Central impediram até hoje que Portugal se recompusesse psicologicamente como no tempo do “Portugal Uno e Indivisível”. A obediência mais ou menos disfarçada dos governos açorianos quer tivessem sido social-democratas no passado ou socialistas como são-no hoje nunca foram impedimento para este saudoso epitáfio prevalecer na prateleira dos apetites. Os Açores são nove ilhas desgovernadas. Ou melhor, governadas à base da chantagem que cada uma delas pode ou deve fazer a um governo – no caso regional - que se tem visto à rasca para dividir por elas o que vem de fora como uma espécie de esmola. Não conseguimos produzir um único par de cuecas. E tudo que diga respeito às necessidades básicas com excepção do leite e alguns derivados também por cá não tem paternalidade. Somos tetraplégicos na economia. Esta burguesia que nos governa criou um circuito de dependências que só terá fim quando Portugal acabar. Se um dia as vacas resolverem aprender costura talvez tenhamos mais sorte. Até lá vamos ter de esperar por uma coisa de duas: ou nos livrámos de quem nos arrasta para o desastre e começamos a não permitir que a riqueza que criamos se escoe indecentemente para o exterior tornando-nos ,de facto, autónomos ou entregamos esta vergonhosa autonomia a quem de direito, que é como quem diz a Portugal que a fez e a pariu para manter subjugadas populações que sempre estiveram treinadas para obedecer. E obedecem mesmo depois de se lhes terem dado oportunidades de poderem pensar pela sua própria cabeça. Universidades temos três! Escolas básicas e secundárias rodam as centenas. Só falta, pois, fazer saltar Alberto João do poder para que a unidade nacional volte a ser o que já fora. Entenda-se a unidade nacional como o projecto de sempre: Portugal é Lisboa, o resto é paisagem. A verdade é que este tipo de política impõe-se sempre. Basta que se atenda ao facto de em vez de se criar um aeroporto entre Lisboa e Algarve se esteja a empenhar os portugueses com a feitura de um aeroporto para substituir nem mais nem menos o de Lisboa. Depois, vem o tão “necessário” TGV. Não começa a partir do Porto, por exemplo. Tem de começar por Lisboa, que como se sabe já está servida ao ponto de este meio de transporte só permitir poupar trinta minutos em relação aos actuais combóios numa viagem ao Porto. É demasiado claro o que se está a pretender fazer. Ficaremos na mesma. Lisboa acompanhará o progresso europeu e o resto do país ficará à espera de melhores políticas. Entretanto as ilhas voltam a ser ilhas. Já não era sem tempo. Depois, para fechar este velho e estafado circuito de cada vez mais na mesma, um dos muitos deputados que se costumam sentar no Parlamento Português levantar-se-á e dirá na vez em que é permitido aos imbecis residentes lerem os recados do seu chefe: Portugal, velha glória peninsular, tem soldados seus a combater em todas as frentes de guerra onde também estão os americanos. Eu penso que basta. Ah! Esquecia-me só de mais uma coisita: o Primeiro-Ministro é solteiro e se não casa talvez queira imitar o outro que casou com a Pátria.
manuelmbento
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1 Comments:

At 1:44 AM, Blogger Francisco Costa said...

Sinto que até existe alguma razão naquilo diz, mas será esta situação um problema só de Portugal?!
Será que em Espanha e noutros países também não é assim as capitais desenvolvem-se mais do que o restante, as ilhas ficam sempre por último e normalmente dependentes de quase tudo o que vem do exterior.

 

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