Saturday, June 30, 2007

FECHADO TEMPORARIAMENTE

Wednesday, June 20, 2007



OS LIMITES DO SOCIAL

Aquando do realojamento em casas novas de famílias desprotegidas em Rabo de Peixe, na semana passada, o secretário da Habitação e Equipamentos afirmou que o Governo dos Açores continuava apostado em promover a auto-estima na vila de Rabo de Peixe, criando novas condições habitacionais, marcadas por critérios de sustentabilidade social e ambiental. Todos têm direito a casa. Até a coitadinha da classe média - que anda com uma mão atrás da outra para poder pagar as prestações da casita, do carro, da roupinha adquirida a crédito no comércio tradicional (o outro “comércio” também está aberto ao crédito mas por via dos facilitadores e milagrosos cartões de crédito) – também tem direito. Visto de longe, até que está tudo bem. O “pobre-pobre” arruma-se na habitação social das políticas de caça ao voto partidário; o outro “pobre”, o pequeno-burguês, enfia-se nos apartamentos do tipo T1-bancário, T2-bancário, T3-bancário, etc. Se nos aproximar-mos destes dois típicos escalões sociais que preenchem, nos dias de hoje, a quase totalidade da sociedade portuguesa, encontraremos o verdadeiro desastre económico em que chafurdam. O pequeno-burguês deve tudo e a longo prazo. As dívidas que contraiu em vida irão ser transmitidas aos filhos e provavelmente aos netos, dado que o prazo se dilatou, presentemente, para os quarenta anos. Amanhã serão cinquenta anos, sessenta? Os pais da globalização e da destruição do planeta é que sabem. O pequeno-burguês que há anos atrás vivia sobre rodas, hoje, desliza sobre créditos que enrolam as rodas. O “pobre-pobre” está, talvez – digo eu – numa, um todo nada, “melhor”. Vejamos o seguinte exemplo: mal recebera a chave da casa nova das mãos do secretário regional, Doutor José Contente, uma das beneficiárias “deixou-se” entrevistar pela jornalista da RTP/Açores. Respondeu assim a beneficiante não atendendo ao espírito das perguntas: “O meu marido não trabalha, não quer trabalhar. É um preguiçoso! Os meus dois filhos de vinte e de vinte e um anos também não querem trabalhar. Para lhes dar de comer tenho de ir para a cidade (Ponta Delgada ou Ribeira Grande não posso confirmar) pedir esmola. E, agora, com a luz e a água da casa nova para pagar vejo-me obrigada a ir pedir também para isso.” Penso que a jornalista já não teve lata para questionar sobre a forma de como pagaria a renda mensal da mesma habitação que o responsável político tão pedagogicamente tentou inculcar… Este país não existe. Eu e milhões de portugueses não fugimos aos impostos, mas porra, perdão, assim não. Até dá vontade de ser “pobre”. E sabem porquê? É que, além deste tipo de “pobre” mamar dado e muito, ai daquele que o discrimine. A lei cai-lhe em cima que nem uma boca de Groucho Marx: “estes são os meus princípios, mas se não gostardes deles, arranjo outros…”
manuelmelobento
PS: pintura de José Malhoa

Saturday, June 09, 2007




DAS DUAS UMA

Das duas uma: ou Carlos Vale César estaria informado acerca da nova “posição” de Carlos Costa Neves face ao quarto órgão de soberania português ou teria sido apanhado de surpresa. Onde há político há arguido (potencialmente, claro) digo eu. Hoje, em Portugal a moda é ser-se arguido. Vamos, então a isso! Mesmo estando inocente, mesmo que alguns crónico-jurídicos se fartem de propalar aos quatro ventos que ser-se arguido é como ter a camisa suja de pingos de vinhaça; lava-se e pronto, não é nada disso! Com a nossa mentalidade de baixo-meridionais, não é difícil entender porque as pessoas serão sempre lembradas pelo que fizeram ou pelo que nada fizeram de mal feito. Fulano o tal que… fulana a tal que… É escusado estarmos a lavar lençóis rotos que eles continuarão com buracos. O detergente não cose buraco. Informado - muito antecipadamente - o líder socialista açoriano do novo estatuto de Costa Neves perante a Justiça, ei-lo no terreno à busca do eleitorado FLA/PPD. Não é eleitorado que se despreze. Este eleitorado representa milhares e milhares de votos nas urnas… Não é coisa secreta a repescagem que César fez à direita e à esquerda açoriana (mais à direita). Caíram muitos no charme político de CC. Depois, como quem não quer a coisa, o nosso Presidente estende o tapete vermelho felpudo aos antigos separatistas, nacionalistas e autonomistas exacerbados e/ou amansados para eles se sentirem em casa. E, estes, de mansinho, vão se aproximando da manjedoura putativa. Dá para todos! Este avanço público e notório (a nova abertura política da RTP/Açores é prova disso) está à vista de todo o mundo. Mas para que precisa Carlos César dessa gente? A ideia é a tentativa de forçar o PPD/PSD a mudar de líder enfraquecendo este partido regional ainda mais. Fragilizado já está. O que é preciso é torná-lo moribundo. Nesta situação só resta ao PSD/Açores apelar de joelhos a Berta Cabral para que esta salve o que resta da farrapada em que os social-democratas se meteram. E não pode demorar muito, senão é a liofilização tumular. Esta é a perspectiva cesariana. Olhe-se o exemplo dos franceses, dos ingleses e dos alemães na Baviera… Suponhamos a outro lado da história. César é apanhado desprevenido. Costa Neves diz adeus à liderança abrindo caminho a Berta Cabral. Lá se foram os planos de César ao ar. Sair dos Açores à procura de outros voos: a Presidência da Assembleia da República, por exemplo. O sucessor de César bateria Costa Neves nas urnas e asseguraria a continuação do poder socialista. Era canja! Com Costa Neves fora da corrida e estando Berta Cabral posicionada para a luta, lá terá César que adiar os sonhos de político que ele mais do que ninguém merece. E, César imitaria a contragosto a eternização dos banquetes de Jardim na Quinta da Vigia e Mota Amaral em Santana.
PS:
E, volta a ter a última palavra Berta Cabral. Sem ela estará na forja o tal partido único. Safa! A democracia açoriana está cada vez mais cezalarista.
manuelmelobento