Sunday, March 25, 2007



A ENGENHARIA DO ENGENHEIRO SÓCRATES


Já tentaram assassinar a imagem de José Sócrates de várias maneiras. O esquema é o inquisitorial adaptado à nova época. Disseram esta semana que ser-se licenciado em engenharia não implicava ser-se engenheiro. O mesmo se disse dos licenciados em medicina, direito e por aí fora. Depois falou-se na Ordem dos Engenheiros, dizendo que esta não aceitara a licenciatura em engenharia do Primeiro-Ministro para apelidá-lo de engenheiro, adquirida numa Universidade particular. Pelo que se sabe existem licenciaturas com estágio integrado e outras não. Por exemplo, na área da docência, umas são via científica outras via ensino. Estas últimas contêm um estágio integrado: fabricam profissionais do ensino. As licenciaturas científicas não estão, à partida, vocacionadas para o ensino, no entanto, se os diplomados se candidatarem a uma vaga no Ministério da Educação, este proporciona um estágio, a que no meu tempo se chamava Exame de Estado; Estágio Clássico. Nos dias de hoje, tomou outra designação: profissionalização em exercício (?). Já estou há muito fora da profissão mais antiga do mundo, talvez esteja desactualizado. Podem-se fazer estágios em fábricas, empresas e etc. O que a comunicação social “investigou” sobre Sócrates indicava que ele tinha tirado um bacharelato em engenharia num estabelecimento de ensino superior e a licenciatura noutro. O primeiro era estatizado, o segundo privado. Afinal quem não quer que Sócrates seja engenheiro? A Ordem! A mesma criada pelo Estado Novo, que distinguia engenheiros de diplomados em engenharia. No estrangeiro ambos eram considerados engenheiros… Engenheiros diplomados no estrangeiro não eram considerados em Portugal. Cá dentro Salazar determinou nomes bastantes esquisitos para os engenheiros que eram só diplomados em engenharia e a quem a Ordem não reconhecia o título académico. Não os proibia de trabalhar e assinar projectos. Mas isso é outra coisa. Isto é fascismo classissista! (a) Para quem não saiba, logo após o 25 de Abril, saiu um decreto-lei que intitulava de engenheiro os diplomados em engenharia e a quem a Ordem elitista atrás eliminara. A Ordem continuou fechada para a renovação que se deu. Alguns institutos de engenharia chegaram a passar diplomas de engenheiro nos primeiros tempos da Revolução para depois passarem a emitir diplomas de bacharelato e mais tarde de licenciatura. Quando esses institutos passaram a emitir diplomas de licenciatura - penso que nos primeiros anos da década de noventa do século XX – os “académicos” passadistas levantaram as suas vozes “nobliárquicas” contra tal usurpação de mordomias do tipo apelativo e de salão. Acontece que em Portugal ninguém lê sobre leis. A Ordem não as respeita… Às vezes até os advogados se esquecem de estudar aquelas que não são facilmente traduzidas em cacau… Cavaco Silva (um dos muitos exemplares da fauna dos não leitores) após ter assinado a Lei de Bases do Sistema Educativo – era Primeiro-Ministro na altura - escrevera no “Expresso” um artigo que contrariava o espírito da mesma. Eu vou acabar este texto porque já estou a ficar chateado. Vejamos só esta questão: um licenciado em engenharia que esteja inscrito num sindicato de engenheiros como engenheiro é engenheiro, ou temos que telefonar ao Salazar para confirmar? Deviam bater no engenheiro Sócrates naquilo que ele faz na política de mal feito. Ou então questione-se a Ordem dos Engenheiros em auditoria para o efeito. Façam isso, já que o Apito Dourado está a dar em sono.
(a) - Não encontrando o termo para classificar a selecção fascista, inventei este...
manuelmelobento



Sunday, March 18, 2007





AS AMANTES DO NORTE

Primeiro foi Francisco Sá Carneiro. O PPD/PSD era apoiado pela hierarquia da Igreja quando Sá Carneiro era Primeiro-Ministro. Fazia-se sempre acompanhar em recepções oficiais por uma bela loira, que por sinal não era burra. Não estava casado com ela. Sabia-se que era sua amante pela comunicação social. Os esquerdistas da altura sentiam-se incomodados com a sua presença. Alguns deles costumavam levar as legítimas para os mesmos actos. Isso era imperdoável, pois os social-democratas eram todos Igreja. Esta não perdoava desmandos sexuais à vista desarmada. Porém, fechavam os olhos à paixão desmedida de Carneiro por Snu. Sá Carneiro já nascera alguém. Tinha estatuto, família velha do norte - cuja Casa era mais antiga do que a dos reis de Portugal - fortuna e muitas outras coisas que fazem esquecer os pequenos pecadilhos. Como chefe de governo naturalmente que tinha acesso a segredos de Estado (alguns, claro!). Se um dia tivesse brigado com a amante e esta pusesse a boca no trombone lá ia Portugal-Profumo para as primeiras páginas do Sun (por exemplo). Toda a gente (menos os inimigos) considerava Sá Carneiro um estadista. Depois da trágica morte foi endeusado até aos píncaros da Lua. Montaram-lhe uma estátua enorme numa praça de Lisboa em sua memória. Uma espécie de James Dean que se celebrizou mais por ter morrido num trágico acidente rodoviário ao volante de um carro desportivo do que nos três filmes em que entrou. Mitos! A morte deu-lhe vulto. Que fez S.C.? Empertigado discursava violentamente contra os comunistas e todos aqueles que se propunham destruir as instituições da moral nacional. Foi o (único ?) chefe de governo que distribuiu oficialmente as terras do Alentejo a quem as trabalhava. Coisa que nem os comunistas conseguiram fazer a não ser por assalto ilegal (legalidade revolucionária) (UPC). Também, sem ninguém perceber o porquê foi repescar para candidato presidencial um general que no tempo do colonialismo chefiara a prisão de São Nicolau em Angola. Uma prisão de presos políticos para nacionalistas africanos. Muitos sofreram horrores e muitos morreram às mãos dos torcionários de serviço. Safa! Sá Carneiro não era bom da cabeça. Tinha tomates. É isso que os portugueses apreciam (às vezes). Do Norte, também, às vezes vêm nortadas. Pinto da Costa, uma espécie de Rei do Norte teve menos sorte, pois não morreu. Incompatibilizou-se com a amante que o seguia por esses campos relvados fora onde milhares de adeptos o adoravam (adoram) e o vitoriavam (vitoriam). Dona Carolina (a amante do Norte também é loira e não burra) por ciúmes de morte convoca a comunicação social e desvenda segredos de estado da nação desportiva do Norte. Problemas que certamente virão desestabilizar os grandes da política e do desporto uma vez que Pinto da Costa está intimamente ligado a eles e eles a Pinto da Costa. São centenas de nomes de gente graúda que devem constar numa espécie de “Envelope 10”. Aguardemos os desvios do costume. Para finalizar… Os Amantes do Norte são muito perigosos. Dona Inês nascida a norte de Portugal (Galiza) foi a desgraça de Dom Pedro, também nascido a apenas poucos quilómetros do Norte (para aí Coimbra). Tomou-a como amante ainda andava com Dona Constança. Dom Afonso IV teve de a decepar por causa dos disparates da alta política que o filho trouxera através do muito desejo de fornicação. Do Norte veio o embrião do Estado Novo: Braga e o 28 de Maio. Tudo cheira a Norte. Apesar do eng. José Sócrates ser oriundo de Vila Real (lá no Norte) não o temos visto com a amante. Alguma coisa me diz que ele é mais inteligente do que os outros do Norte. Não sei se Dona Fernanda Câncio é do Norte, nem tenho tempo para investigar. Ficam por aqui as minhas dúvidas. Este texto servirá de aviso para todos os amantes de arriba de Portugal. Não misturem coisas sérias com lençóis por mais lavados que estejam. É muito perigoso. Mais tarde ou mais cedo descobre-se tudo. Até do próprio Deus que é Jesus foram desencantar que não era casado com Santa Madalena e que esta tinha sido sua amante. Ninguém está livre. Safa!
manuelmelobento

Monday, March 12, 2007



DO PORTUGAL PRÉ-LÓGICO AO GRANDE SOFISTA

Em 1789, os franceses deram origem a uma revolta popular – a velha e estafada Revolução Francesa – que terminou, três anos depois, com o assassinato oficial do Rei e da Rainha, vaiados pela ralé e decepados no cadafalso. Em seguida, o poder em França, caiu nas mãos de aventureiros que, mal se reorganizaram, deram início à pilhagem da Europa e arredores. Se não fossem os russos, em 1812, a imporem juízo ao exército de Napoleão, limpando o sebo a duzentos mil franceses, se calhar estávamos, hoje, todos a falar francês. Quando as tropas francesas nos vieram ensinar a sermos adeptos da liberdade, da fraternidade e da igualdade, o que mais recordamos foi o saque que fizeram a tudo que nos era sagrado. Desde violações a túmulos dos nossos reis até ao assassinato de jovens, essa escumalha de tudo praticou. Aprendemos com os franceses ou já tínhamos no sangue essa sanha criminosa? É que, também, matámos (1908) o nosso monarca e aceitámos a substtituição do regime monárquico pelo republicano, concretizado dois anos depois. Em 1910, o último monarca pôs-se em fuga para Inglaterra, onde acabou os seus dias. Em seguida, uma corja letrada e sequiosa de poder instalou-se nos centros de decisão acabando por dominar o erário público. Quatro anos depois, os chamados republicanos, enviaram para a morte milhares de soldados portugueses. Este assassinato deveu-se a opções políticas de indivíduos sem escrúpulos. Exemplo: Afonso Costa, chefe de fila do Partido Democrático (sacanagem, parece que só querem guerra) que ao mandar a juventude para a morte dizia que só assim podia manter o Portugal Colonial. Democratas de morte! Daí até 1926, o regabofe tomara conta do país. Até que, os militares - prevendo que por pouco não tinham que comer – se revoltaram e zangados, partindo da província, tomaram Lisboa em 1926. Em 1928, tiveram que ir requisitar um contabilista diplomado e com fivela de prata para tomar conta de uma nação que se tornara o palhaço da Europa. O homenzinho, treinado num seminário de padres católicos, onde se desenvolvem técnicas de obediência divina e se aceita pacificamente a pobreza como um passaporte para o Céu, conseguiu fazer passar a sua mensagem. Manteve esta “mensagem” quarenta e oito anos até que se desenvolveu um tumor interno. Outra vez os militares foram chamados para debelar a crise. Só que descabeçados, iletrados e despolitizados puseram-se a governar ajudados por um grupo de bem intencionados frequentadores de cafés. Resultado? O pior possível. Depois houve dois grandes momentos nacionais que vieram trazer alguma tranquilidade e aspirações de recuperação económica: a entrada para a União Europeia e a eleição de Cavaco Silva como primeiro-ministro. Esta loucura económica durou até 2004 com a construção de – imaginem – dez modernos estádios de futebol, já sob a batuta do afilhado do padre Melícias. Houve unidade nacional e gritou-se muito alto Portugal. No mesmo ano que o dinheiro enchia os bolsos dos caipiras lusos, duas crianças portuguesas, de origens humildes, necessitavam ser operadas no estrangeiro porque os hospitais do país não estavam apetrechados com tecnologia capaz. Para se poder pagar os custos da operação que poderia salvar as suas vidas foi organizada uma recolha de fundos junto da população penitente. No mesmo ano, o Presidente da República viajava juntamente com a sua corte pelo mundo inteiro à cata de piolhos, gastando dezenas de milhar de euros por dia; no intervalo das suas saídas deu posse a dois governos social-democratas. O primeiro era chefiado pelo servível mister Durão Barroso, conhecido pelas retiradas estratégicas. O segundo por Santana Lopes. Este não teve tempo de governar. Lacrimejante Sampaio, ex-PR, aproveitando uma ida daquele à Moda Lisboa despediu-o. E numa manobra política à Alberto João convocou eleições para salvar Portugal. Foi assim que nos entrou pela porta adentro Sócrates, o Grande Sofista. O homem que aprendeu com lacaio Barroso o segredo lucrativo do nacionalismo europeu. Sócrates começou por se inclinar para Espanha. Esta já não nos quer nem de graça. Deu-lhe com os pés. Não vai na cantiga de filhos pródigos. Prefere os outros filhos! A Nova Europa direitista, pró-americana, economicista, imperialista e a China são, para já, o nosso horizonte salvífico. Da maneira como o Grande Sofista está a preparar o país, não creio que tenha na mira o bem estar do analfabeto povo português (não aprende nunca) mas sim a sua entrega ao capitalismo internacional tal como fizeram os democratas da Iº República. Se é para beneficiar o povo, por que razão está a colocá-lo no desemprego, a desprotegê-lo na saúde, a tornar a escola insuportável, a viver recheado de impostos? Porra, isto até parece o salazarismo! Calma! Calma! Havia uma diferença: Salazar despachava directamente com Silva Pais. O saudoso torcionário. Vivemos em democracia. É o que nos vale…
manuelmelobento

Monday, March 05, 2007

NO PÓDIO

“O jornalismo insular vive de notícias do dia-a-dia, parece que se esqueceu da importância e da mais-valia da investigação jornalística. O desenvolvimento da sociedade sofre com esta lacuna.

O poder é exercido com uma tranquilidade que já não se usa e a oposição pode dar-se ao luxo de não ter líder há mais de um ano. É a política à açoriana.”


Nuno Tomé

Açoriano Oriental
5/03/07

Friday, March 02, 2007


CDS-PP DOS AÇORES INSPIRADO PERANTE O BELO PORTAS

Há tempos, elogiei o Prof. Carrilho por ter manipulado o Portugal mediático. A estação oficial de televisão que coopta com o Governo Central as interpretações da novela “Portugal Democratizando” permitiu-se discutir um livro de queixinhas contra incertos durante duas horas. Nem o livro valia tanta saliva nem Carrilho no panorama político nacional português (é um perdedor) vale mais do que digamos: o substantivo carrilho. Duas horas perdidas. E digo perdidas porque o sabido filósofo desapareceu. Resta-nos a sua mulher para nos lembrarmos dele e cujo trabalho em prol da cultura é mais válido e permanente. E - para espanto meu (e de algum nosso) - apresenta-o no canal do milionário Pinto Balsemão: SIC/Notícias. Um verdadeiro canal de serviço público! Bolas! Nunca mais chego a Portas e àquilo que se transformou nos Açores os antigos centristas mesclados hodiernamente de populistas. Bem. Sem capacidade “autonómica” todos os partidos nacionais de índole regional (inventei esta para me divertir) não têm cérebro para poderem orientar destinos. Num dia, estão com o líder nacional português para o que der e vier; juram fidelidade eterna, para no momento seguinte em que ele cai voltarem a jurar a mesma fidelidade já gasta de tanto policopiamento ao senhor que se lhe segue. O CDS-PP está moribundo nos Açores a partir do momento em que instalou a sede na Terceira e nela escolheu o pior dos líderes. A palavra carismática nada se relaciona com Alvarinho Pinheiro. Toda a gente sabe isso, muito principalmente os companheiros/satélites seus correlegionários de São Miguel. De repente, os centristas micaelenses acordaram. Tinham hibernado na frieza dos votos. Convocam uma conferência de imprensa e botam faladura. Foram, certamente inspirados pela estratégia de Paulo Portas difundida perante um país que parou para ouvir a décima parte do que tem para dizer como reformulador de uma oposição descambada para a inoperância. Afinal, também por cá, a oposição oficial (aquela que se alimenta dos trocos que a Região lhe paga e do que em migalhas aceita dos patrões do continente) é estéril. Paulo Portas entendeu - e bem - que era preciso fazer uma oposição a valer para recuperar o terreno liberal conquistado por Sócrates dia após dia. Ribeiro e Castro é um líder de um só hemisfério num partido que se “bicefelou”. Viaja pelo país inteiro menos por onde é preciso: no Parlamento. Nunca conseguiu safar-se da sombra de Portas. Ver Ribeiro actuar obrigava a pensar-se comparativamente Portas. E de comparação em comparação foi-se diluindo. Tal como o arco-íris, só aparecia com o pré-molhado. Nos Açores, o líder eternizou-se no trono. Mexer em Alvarinho era "perigoso". São Miguel espreita a sua reforma que não a sua morte política, pois esta há muito que tomou assento no epitáfio das urnas. Foi gostoso ver o antigo dirigente, Augusto Cymbron - saído das catacumbas do Não - apadrinhar um movimento jovem de “rebeldia” para com a Terceira centrista. Há que anos não se ouvia falar do CDS em São Miguel? Vou ficar por aqui, porque, confesso, não ouvi uma única palavra vinda da mesa dos populistas. Tinha o televisor sem som. Inventei! Que me perdoem os revolucionários.
manuelmelobento