Saturday, October 21, 2006


CARLOS COSTA NEVES

Visto por mim dois pontos

alínea a e b

alínea a abre parentesis não me lembro de qual dos convidados de Osvaldo Cabral para comentar a sondagem de apoio a Carlos César disse que a Drª Berta Cabral tinha afirmado que não estava interessada em liderar o PSD/A e logo por via disso disputar as próximas travessão longínquas eleições legislativas regionais ponto Disse também o mesmo e acutilante convidado que ninguém estaria à altura de poder duvidar da palavra dela fecha parentesis ponto Como a Drª Berta Cabral não desmentiu publicamente o comentador vírgula nada mais simples do que isso é pensar-se que o Dr Carlos Costa Neves é a partir de agora o consagrado e ratificado líder social-democrata ponto Ora bem vírgula estas últimas sondagens valem tanto quanto chichi de bebé alimentado a subsídio a fundo perdido vírgula estou a referir-me a bezerro ponto O tabuleiro tombou e lá se foram os reis vírgula as rainhas e os peões ponto Costa Neves foi o único a beneficiar desta sondagem pois foi catapultado para figura de primeiro plano na oposição a César. (Acabaram as extensões) Ora é preciso voltar atrás e fazer-se uma nova sondagem. Esta seria muito mais real, precisa e rigorosa do que a última. Esta não passa de uma farsa mercê das novas circunstâncias. Diga-se que ninguém é culpado nem o “azorpress” que também gastou alguns euros para fazer uma jogada de antecipação e levar a público uma sondagem idiota. Vamos voltar um pouco atrás para ver se consigo dar substância ao meu raciocínio. Lembram-se de quando o país era governado pelo apadrecado Guterres que andava sempre com o padre Mílicia à ilharga? Ele era o incontestado líder socialista. De repente, o líder socialista começou a sofrer de uma doença que se caracteriza por ser o oposto à de Salazar. Este (apadrecado também) agarrara-se ao poder. Refugiou-se Guterres nas fraldas da ONU e por lá anda a distribuir rebuçados aos que escaparam dos últimos genocídios muito bem transmitidos pela CNN. Depois desta fuga (São José padrasto do Menino Jesus também fugiu para lugar seguro) o Partido Socialista ficou órfão. Não foi preciso passar muito tempo para encontrar um chefe à altura. Ferro Rodrigues um experimentado político da área da esquerda na rosa teve o azar de se ver falsamente envolvido no pão da comunicação portuguesa: Casa Pia, uma espécie de fábrica de pastéis de Belém muito apreciados. Lá se foi Ferro Rodrigues, desta vez para parte incerta. Outra vez decapitados os socialistas de combinação com o Medalheiro (Jorge Sampaio o (con)decorador) provocam novas eleições eticamente reprováveis e preparam-se para arranjar um qualquer Viriato para os levar à vitória. Começaram por convidar o baixinho-sempre-contente que dá pelo nome de António Vitorino para os chefiar. Este recusa, porque sabe que a comunicação portuguesa gosta muito de sangue e o monte no Alentejo ainda lá está apesar de muito lavado. Era só uma questão de o ter à mão... Eis que dos resíduos ressuscitou Sócrates o Novo muito lavado e muito bonito. Tinha acabado de brigar com uma moça bonitita (esqueci-me do seu nome – Elisa Damião?) ligada ao Ambiente. Com este currículo Sócrates o Novo consegue levar o PS à vitória. Não sem antes ter tido de lutar contra uma aleivosa campanha levada a cabo pelos admiradores de Santana Lopes o viril macho português, culto e bem falante. Vejamos, então, o que esta resenha libidinosa tem a ver com Carlos Costa Neves. É que os problemas da liderança são passageiros. Um dia Sócrates o Novo não vale uma serrilha no outro é o líder incontestado. Carlos Costa Neves é um político com um percurso invejável. Foi director regional, secretário regional, ministro e deputado europeu. Diga-se o que se disser está limpo. O que nos dias de hoje é muuuuuito difícil encontrar. O que é difícil de aturar é a sua incapacidade para se impor como líder social-democrata. Logo a seguir a esta sondagem que apesar de tudo só lhe trouxe benefícios a sua actuação é quase nula. Basta somar as intenções e as inclinações dos bertistas com os nevinhos para percebermos que Costa Neves saiu reforçado pois a soma dos dois é ele que a mete ao bolso. Dizia eu que logo após a difusão dos resultados da sondagem ele devia ter investido em tudo quanto é “comunicação social disponível”. Devia começar por entrar a pé na zona de Ponta Delgada onde estão os que falam uma línguagem política mais descontraída, menos invejosa e menos intelectual. Costa Neves vai ter de lutar no terreno para se impor já que a comunicação social açoriana faz dele o omisso eleito das suas páginas de abertura. A RTP/Açores não tem dado o devido realce à sua figura. Sabendo-se que ele é o líder do maior partido da oposição está mal, muito mal. Nesta democracia à açoriana a censura toma o nome de omissão. Existem peritos tão exímios em trabalhá-la que até parece que se treinaram nas Filipinas de Ferdinando Marcos. A participação de Costa Neves na coluna semanal do Açoriano Oriental é de uma pobreza jacobina. O que ele precisa é pôr cá fora ideologia. Precisa, também, posicionar-se perante temas actuais como o aborto, a discriminação sexual e tudo quanto é tabu e que os socialistas se apropriaram indevidamente. Posicionar-se inteligentemente. Começa a desenhar-se uma maior aceitação das pessoas a Costa Neves. Apesar de ter passado pouco tempo já existe uma nova maneira de o encarar. Pelo menos ouvi-o nesta parte da cidade onde habito. Se César deixar a cadeira do poder teríamos pela frente dois terceirenses a disputar a chefia do arquipélago. Qual deles é mais micaelense? (A maioria do eleitorado vive aqui) Sérgio Ávila é um governante do tipo palaciano. Ninguém o vê. Costa Neves vai no mesmo caminho. Numa terra tão pequena ninguém contacta ninguém. Parece que aqueles que elegemos têm vergonha ou medo de tocar na gente. Ora vejam o Príncipe Carlos que apesar do que dizem dele toda a malta quer tocá-lo. E os palermas dos ingleses até que são frios. Mota Amaral, chefe incontestado dos Açores durante vinte anos, passeava-se pelos lugares públicos onde para além dos contactos físicos sempre tinha alguma coisa para dizer. A política nos Açores parece um barco inclinado sempre do mesmo lado e que nem mesmo a maresia consegue voltá-lo. São sinas! Venha tomar um café com a malta que diz palavrões e não se esqueça que estes também votam.

Alínea b): apesar do sempre-baixinho Marques Mendes ter tido no início do seu mandato muito pouca visibilidade e pouca aceitação, o mesmo já não se pode dizer nos dias de hoje. O sempre-baixinho credibilizou-se e muito bem. Não era ele uma figura de segundo plano? Não estava ele (no seu partido) atrás de Durão Barroso (o sabujo dos americanos), de Rebelo de Sousa (o que leu mais livros no mundo) e de Santana Lopes (o das fêmeas)? Claro! E agora? Agora, depois de ter lutado e com garra é ele o chefe incontestado dos laranjas. Costa Neves tem de fazer o mesmo: lutar com afinco. Ele até nem precisa de se pôr de pé. Já tem altura que chegue. E, para bem de uma democracia alternativa, haja movimento.
manuelmbento
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