Friday, October 27, 2006

"INDEPENDÊNCIA"

Limito-me a especular sobre as actuais tendências da política portuguesa originadas pelo consulado do eng. Sócrates. Antes de me pôr a inventar/comentar – tenho esta liberdade - permito-me fazer duas afirmações, sem as quais este texto valeria nada - Isto, tendo em conta que este vício de escrever, só se justifica para me sentir vivo, já que me foi impedido participar seja no que for. E ainda bem, porque não fico com insónias. Bem, vamos às duas afirmações. Ninguém duvide de que o eng. Sócrates é o político mais perigoso que jamais se sentou na cadeira de Salazar após o “25 de Abril”. Perigoso porque é muitíssimo inteligente (tão inteligente quanto Maria João Avillez, o “diabólico” Prof. Marcelo RS, o “horrível” Vital Moreira, o dialogante Pacheco Pereira, etc. ). A segunda afirmação tem a ver com a “Intelligentzia Portuguesa”. Uma organização que desde os primórdios da nacionalidade tem orientado o Portugal que conhecemos. É devido a esta organização que todos os Estados são! Sem ela não há Estado! Não estou a dizer nada que os verdadeiros políticos não saibam. Portanto, não estou, para já, a inventar. A “Intelligentzia”, por vezes, está assente (colabora) na Presidência da República. Quando esta coloca em perigo o Estado, por devaneios ideológicos, aquela desliga-se e coloca-a isolada. Colabora com o Primeiro-Ministro ou este com ela quando a empatia entre ambos está em uníssono. No tempo de Salazar, este conseguiu identificar-se com ela, de tal modo que a Segurança do Estado Português nunca esteve em causa. Refiro ao “ex-Portugal conceptual”, isto é, alargado mar fora. A “Intelligentzia” também esteve presente com Pombal, embora de uma forma mais feroz; Dom João II e por aí adiante. Quando as forças antagónicas são de tal ordem indomáveis, eis que tem lugar uma série de roturas. Dom Pedro IV interpretou muito bem a rotura do tempo (ele e a “Intelligentzia”, claro!). Quando esta e a política do Estado se tornam incapazes de suster a estrutura deste (por motivos externos – a economia, por exemplo), nada mais simples: a nacionalidade “encolhe-se” geograficamente. Outras forças também se identificam com a ordem da “Intelligentzia”. As Forças Armadas, as Forças Policiais Especiais, etc. Muitas vezes aquela encontra-se desligada de tudo inclusive dos Órgãos de Soberania. O país, neste caso, quase que resvala perigosamente para a indefinição. Portugal passou, ultimamente, por vários destes períodos. As posições extremadas de ideologias a que o país não estava habituado contribuíram também para criarem uma perigosa desestabilização. A Madeira, que durante vários anos pressionou o Estado Português com vista ao seu desenvolvimento regional, aproveitou estas características de desestabilização e quase indefinição para impor àquele o ressarcir de quinhentos anos de esquecimento, para não dar outro nome ao colonialismo generalizado que definiu a mentalidade portuguesa durante longos períodos. A Madeira, aproveitando as trepidações do processo de democratização à portuguesa, por pouco não criou a sua própria “Intelligentzia”. Valeu a Portugal a unidade entre Sócrates e a “Intelligentzia” caseira e a necessidade que a população tinha de travar “o descalabro económico” que vinha a dar sinais de evidência a todos os níveis. Mesmo até abstractamente. A população apercebeu-se intuitivamente de que estava na altura de (alguém) actuar. Sócrates é o seu materializador. Teve a competência de falar unificando o Estado com um discurso que se consubstancia com o rigor e o apertar do cinto. Berram os sindicatos de todas as áreas e tendências. Ameaçam com greves e mais greves. Quantas mais fazem mais fracos ficam. Coisa rara! É à portuguesa... A segurança foi-se! Criou-se um clima de insegurança que leva até os que estão bem na vida a ficarem afectados. Daí que apoiam as medidas restritivas. Bem, generalizou-se a fragilidade psicológica. A pior de todas! As Regiões Autónomas começaram a olhar-se como arquipélagos, quais pássaros de boca aberta para paparem o que os papás lhes conseguem meter goelas abaixo. Da Madeira, Jardim perdeu a “credibilidade” separatista. É que, agora, põe-se o problema: voltar para onde se tudo se está a esboroar por esse mundo fora? Com Portugal existe o rigor mas a tal “segurança psicológica” vem é de lá. E esta? As populações pressentiram o perigo e o fantasma do antigamente que sugerem necessidades e emigração... Tudo está em causa. Valha-nos a segurança. E aventureirismos - mesmo de linguagem – caem muito mal. A volta que isto vai dar é muito simples: os que se encheram com o pataco (políticos e seus parceiros), o bom vencimento e a boa reforma são a partir de agora e nestes tempos mais próximos a nova burguesia em ascensão. Quem quiser, a partir de agora, que se atire de cabeça ou para o empresariado lutador ou para se tornarem nos novos servos pagos à esquina, isto é, o assalariado à imagem dos mexicanos na América. Usados e postos na fronteira (murada) até que se lhes solicitem novos esforços. (Este texto está bem comprido. Também não interessa, pois não vão ter paciência para o ler.) Foi, pois, com a percepção deste estado de espírito que Sócrates resolveu actuar. Quanto mais porrada, mais sobe nas sondagens. É de loucos? Não, é de “Intelligentzia” meus senhores/as. A independência, o que é isso? Cantemos no Chão da Lagoa outra letra. E se não estou em erro, dentro em breve, outros actores vão representar outros autores. As mesmas vozes – que já estão treinadas – vão dar à mesma paisagem outro colorido. O discurso de Sócrates suprimiu e meteu no bolso tudo e todos. Os seus ministros têm feito um papel tão “substancialmente ridículo” que comparado com os feitos do Grupo Santana, este pode considerar-se “o verdadeiro democrata”. Mas isso, agora, pouco importa. A “Intelligentzia” voltou a tomar conta da Nação. Digam que não ?... Dizei comigo, por favor: Sócrates tem tudo na mão porque foi o mais inteligente. E onde fica o Presidente Cavaco? Pertence à “Intelligentzia”. Cantemos hossanas, que a Igreja portuguesa, também, não está de fora. Melhor dizendo, nunca saiu de dentro. Haja Nação!
PS: esqueci os Açores? Nunca! Então, não continuamos ilhas... de bruma, está claro!
manuelmbento
Posted by Picasa

2 Comments:

At 1:30 AM, Blogger João Pacheco de Melo said...

Mélito à "Intelligentzia". Já!

 
At 4:10 PM, Blogger jacobino said...

Exmo Sr, não creio sinceramente que Sócrates seja o "político mais perigoso", nem tão pouco o mais "inteligente"; se o fosse, a "intelligentzia" nunca o teria posto onde ele está agora, ou não seria ela própria merecedora do epíteto. Sócrates serve perfeitamente a esta, por ser quem é, um "doce de pessoa".

 

Post a Comment

<< Home