Sunday, February 04, 2007

A NOVA AUTONOMIA SEDICIOSA...


Numa das muitas viagens que fez sem tarelo por esse mundo fora, Jorge Sampaio enquanto Presidente da República afirmou que a Autonomia dos Açores já tinha dado o que tinha a dar. Tanto o Partido Socialista quanto o Partido Social Democrata sempre tiveram dificuldade em escolher candidato que servisse como modelo para encarnar o lugar de Chefe de Estado, excepção feita ao europeísta Mário Soares, claro está. Mário Soares enquanto líder partidário impediu uma viragem ideológica que colocaria Portugal na senda de um modelo tipo Estado satélite da União Soviética; enquanto Primeiro-Ministro levou o País a integrar-se na União Europeia e mais tarde como Chefe de Estado proporcionou uma convivência de abertura ao diálogo democrático que se caracteriza por um campo de luta ideológica nem sempre entendido por quem não bebeu em criança em águas da democracia ou a esta é avesso. Cavaco governava então com maioria parlamentar, e como é do estilo autocrático não é capaz (talvez aprenda com o tempo e com reciclagem) de entender que só da disputa salutar pode nascer o progresso. Retirava da actuação de Mário Soares uma só ilação: “Força de Bloqueio”. Paciência. Como líder social-democrata nunca esteve em São Bento a pugnar pelo programa do seu partido. Não tinha qualidades para tanto. O femeeiro de Santa Comba Dão também não era capaz de ouvir bocas dos adversários políticos por isso nunca discutiu, como parlamentar, fosse o que fosse apesar de ter sido eleito por um partido político de inspiração católica. Caía-lhe mal. Faltava-lhe o feitio e a vontade para o diálogo bilateral. Nunca os Açores tiveram nos presidentes da República Portuguesa, após o 25 de Abril, um defensor dos seus interesses. O quadro presidencial evitava a discussão de pontos considerados melindrosos. Pois, isso, poderia afectar a unidade do Estado. Uma tontaria como se veio a verificar mais tarde. Nos Açores arrancou-se uma autonomia vergonhosa que se institucionalizou. A princípio houve quem a chamasse castrada, depois passou de quieta a progressiva acabando, por ser nos dias de hoje, Nova Autonomia, epíteto propalado por Carlos César numa das suas mais recentes aparições públicas. Tendo em conta as medidas economicistas do Governo Central - que nos desviam do destino/sentido da nação como um todo - somadas a certas directrizes independentes dos sectores da Educação, da Economia, da representatividade (viagens ao estrangeiro do Governo Regional a partes “incertas”), dos Transportes, da Saúde e mais o que ainda está debaixo do tapete, é lícito pensar-se numa sedição pacata que transborda cheirosamente a separatismo. (Já estou a ver gestos e a ouvir gritos dos queridos socialistas (os poucos que me visitam). Como tenho ainda alguma memória, devo relembrar a quem de direito que quando o governo de Mota Amaral se impunha em defesa dos interesses dos Açores houve quem o apelidasse de separatista despundonorosamente. Outros tempos outras posturas. A mini-saia também irritou muito taliban quando surgiu. Depois habituámo-nos. É tudo uma questão de tabu e de tempo. Relativo, claro!
manuelmelobento

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