Thursday, February 01, 2007




ANTIGAMENTE, QUE RESPEITO!

Em 1961, um advogado inglês presenciou uma cena que não dá para acreditar. Dois estudantes resolveram dar vivas à liberdade, numa praça de Lisboa. Resultado da “proeza”: foram condenados pela Justiça a três anos de prisão. Era Primeiro-Ministro o saudoso Prof. Salazar. Regia a Igreja Católica Apostólica Romana o queridérrimo e amantíssimo Cardeal Cerejeira. O Presidente da República era, na altura, o sempre pontual general Craveiro Lopes que havia substituído o venerando falecido e automaticamente bem disposto Marechal Óscar Carmona. Os Tribunais da altura (nada que se compare com os de hoje) eram enfeitados por tudo que era digno e respeitoso. O povo era o mesmo, porém, mais velho, mais ignorante e mais estúpido. Sobretudo não podia votar, o que não acontece nos nossos dias. Teve origem nessa prisão a criação da Amnistia Internacional. O advogado chamava-se Peter Benenson. Portugal já não é o que foi. Ainda bem. Se por acaso aqueles dois infelizes estudantes tivessem gritado SIM à interrupção voluntária da gravidez teriam sido condenados a dez anos de Tarrafal como o foram dois presos políticos que ainda estando na prisão haviam escrito em papel higiénico uma mensagem também ela política a companheiros de cela. O advogado deles por acaso chamava-se Palma Carlos. O que é que tem a ver o SIM com estes pilares da moral e dos bons costumes? Nada, como é óbvio.
manuelmelobento

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