Tuesday, January 02, 2007



OS PORTUGUESES, A CIÊNCIA E O FETICÍDIO

Não deve suscitar dúvidas a ninguém quem deve dirigir os destinos de um Estado. A Federação Portuguesa de Futebol aquando do último Campeonato Europeu (2004) mais parecia o Ministério da Propaganda de um país da América do Sul, satélite dos Estados Unidos. Com a irresponsabilidade que tem caracterizado os últimos Governos Centrais, o executivo entregou àquele organismo toda a publicidade da política do desporto e não só ao Presidente Madaíl. Este reorganizou o desporto nacional e obrigou que o Estado abrisse a bolsa para a construção de dez estádios para uso exclusivo do futebol. Não houve limites para tal bandalheira. Pois bandalheira se tratou. As contas verdadeiras nunca foram apresentadas ao grande público. O que nos foi dado conhecer foi o que foi lavado e teve aprovação do Tribunal de Contas. Sabe-se através da Comunicação Social que o futebol foi invadido por pessoas suspeitas (estão muitas delas já a contas com os tribunais), porém, caso raro e nunca visto, o Tribunal de Contas oficializou as contas prestadas. Dá para acreditar que foi assim? Dá sim senhor! O ano de 2004 tornou o erário público à beira da bancarrota. O então Professor Cavaco Silva tão atento ao estado da nação nem piou perante tal ataque aos dinheiros do povo. Nem uma quadra do seu monstro escarrapachado no Expresso teve honras de um verso tipo “deca-silva”. Tiraria votos ao seu ilustre “tabu-silva”. Estas coisas tremendas passam por debaixo dos olhos dos eleitores anestesiados pela grande máquina de propaganda. Aproxima-se o referendo sobre a interrupção voluntária do aborto que creio só ter efeitos nas fêmeas e que ainda por cima votam. Que fazem os políticos? Voltam-se para a sucursal da Igreja Romana para esta tratar do assunto. Abertamente só duas ou três personalidades, já sem poderes executivos, dão a cara. Tudo leva a crer que haverá de novo um impasse para ser gerido à boa maneira das nossas consciências. Abortar no estrangeiro coloca-nos à frente de todas as moralidades europeias. Em alguma coisa devíamos ser superiores… Não importa que as mulheres que podem (e elas são todas católicas) continuem a servir-se das clínicas espanholas para abortarem e não correrem riscos de vida. As outras (católicas também) que se lixem. Se está tudo virado para o economicismo, as cabeças económicas - que agora parasitam o Estado - não se apercebem do custo que é para todos nós a morte de centenas de mulheres que anualmente morrem às mãos de curiosos? Se estão tão preocupados com a vida das mulheres e dos fetos por que razão não acabam de uma vez para sempre com a venda das infelizes? Façam um referendo para acabar com este tráfico e depois actuem a preceito. Permite-se a exploração das mulheres de facto e condena-se a mesma em termos de direito. Agora, até se procura legislar sobre o seu corpo. Com que direito? Desfazer um feto é matar um feto? Desfazer um feto é matar alguém ou algo? Será que se pode dizer matar um feto? O Estado tem de o afirmar. Se sim é crime. Se não, abóboras. Matar um pai é parricídio; a mãe é matricídio; uma criança é infanticídio, etc. Se o não do referendo ganhar, passaremos a denominar as acusadas do aborto de feticídas…, os namorados de suspeitos de feticídio… E os que tenham conhecimento de um aborto realizado no estrangeiro serão acusados de cumplicidade de um feticídio legal? E se uma mulher abortar numa clínica estrangeira e não pagar as despesas e for processada, que tipo de penhora poderão os tribunais portugueses aplicar à feticída, caso a clínica recorrer a uma acção cível, à imagem do que fizeram ao director do departamento de futebol do Benfica, que por acaso é o meu clube? Penhora de bens domésticos? Providência cautelar? Quem irá parar à barra do tribunal, a feticída ou os promotores do feticídio? Que juiz ditará uma sentença do tipo: a ré é acusada de não pagar os serviços de feticídio à clínica Tal & Fetos Desfeitos Lda. Fica, pois, condenada a pagar as despesas senão… E se a mulher resolver abortar em cima da linha imaginária que divide Portugal de Espanha com o rabo voltado para o Centro Cultural de Belém, com assistência técnica/médica? O feto será considerado feto espanhol? Sendo considerado por alguns um ser vivo estará sujeito ao repatriamento para memória futura do que não sendo crime é crime, pois morreu forçado? Einstein não está vivo para sabermos se é possível aplicar a Teoria da Relatividade Restrita a este caso. Os portugueses vão votar. O resultado será traduzível assim: os portugueses consideram o feto um ser vivo ou não. A este povo calcinado pelos novos impostos ainda se lhe pede que dê pareceres científicos. É obra, já não nos bastava termos criado a mulata brasileira e o Padre Amaro ter deixado a Amélinha morrer nas mãos de uma curiosa para agora resolvermos aquilo que essa corja que nos governou/a deixou de fazer.
Eu sou a favor do sim porque respeito a igualdade entre os sexos. E sou-o porque é à mulher que cabe decidir sobre o seu corpo e não à padralhada fornicadora; às católicas que abortam a seu bel-prazer muitas vezes acompanhadas dos maridos (sabe-se quem abortou nas clínicas estrangeiras e de suas companhias… e seria bom que alguns se calassem); aos políticos que para não perderem votos dão ares de parteiros; aos médicos e enfermeiros que deixam morrer os vivos por incúria e por se estarem nas tintas para os que sofrem; aos cínicos que têm resolvido os seus envolvimentos escabrosos das suas aventuras, recorrendo ao dinheiro e ao aborto.
Só desejo que as mulheres pensem pelas suas cabeças e não pela cabeça de São Paulo que dizia santamente que a mulher era um corpo e se nesse corpo havia cabeça esta pertencia ao homem. Maior ofensa não deve haver!
manuelmnento

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