Não se trata de nenhum actor contratado pelo Leitão de Barros, não é nenhum balconista da Loja das Meias que em part-time passa umas roupinhas. Nada disso! É o último modelo de guerreiro logo a seguir ao herói de Vasco Pulido Valente: Paiva Couceiro. É Severiano Teixeira ministro da Defesa Nacional. “Olhemos” rapidamente para o passado. Dom Sebastião, não o do José Cid, mas o trombóide que resolveu ir conquistar areais no Norte de África. Não se sabe muito bem porquê. Com os gastos da brincadeira de guerra Portugal faliu e depois vendeu-se a Espanha. Todos nós ficámos-tornados espanhóis. Esta nacionalidade durou cerca de sessenta anos. Foi pena! Mas ficou a raiva contra Dom Sebastião – aquele que até aos vinte e quatro anos desconhecia o que era um falo entesado. Porquê a raiva? Ele passou a ser o Desejado porque havia quem em Portugal lhe quisesse sovar pelo disparate e pelo desastre económico a que nos arrastara. Como a política é a ciência da mentira e de outros encantamentos o Desejado (que era para levar uma tareia) passou a ser o Desejado para salvar a Pátria. A memória, que é uma merda, troca tudo. Quando o ditador Salazar mandou Portugal para a Guerra de África, a bosta de esquerda (só se tornou bosta depois do 25 de Abril – outra merda que a história transformou num outro encantamento) levantou a voz contra a guerra e contra a ida de soldados portugueses para aquele continente. Salazar meteu na cabeça dos portugueses (o que não é nada difícil) que África também era a nossa Pátria. Esta ideia foi aceite pela maioria. Quando se perguntava ao soldadinho do Estado Novo e do Zeca Afonso o que é que ele ia fazer para a guerra de África, ele respondia – ensinado por Salazar - que ia defender a Pátria. Coitadinho! Ainda o outro dia uma repórter da RTP1 perguntava a um soldadão português o que é que ele ia fazer para o Kosovo e obteve a seguinte resposta: defender a Pátria. Que o pariu, não só a ele mas também ao Salazar - aquele camponês de merda - que conseguiu mentalizar quem há muito só tem uma cabeça: o povo português. Ainda o outro dia ouvi Alberto João Jardim chamar cubanos aos portugueses. Não tinha percebido a analogia. Só hoje é que entendi. Os cubanos são enviados para vários palcos de guerra... E agora são os portugueses. Bósnia, Kosovo, Afeganistão, Iraque, Timor e ainda segundo o DN há mais uma dezena de palcos onde estão centenas de militares portugueses. Isto não tem graça nenhuma. Isto não é brincadeira. Nós temos o direito de saber em quanto monta as despesas com a guerra dos outros onde nos envolvemos, pagando-a, como perfeitos asnos chapados para não dizer outros nomes mais adequados. Bem, voltemos a Severiano o Belo – trata-se de um homem bonito! Creio que é um dos seus melhores requisitos para estar sempre no governo. Ah, também fala bem e é magistrado a tempo inteiro, isto quando não presta serviço no órgão de soberania da sua predilecção: o executivo. É ele o modelo do guerreiro português que vai por esse mundo fora visitar as tropas nacionais para lhes dar ânimo na defesa dos valores (não sei quais são! Estou baralhado. É da porra da idade!) Lembro-me da Marilyn Monroe que fazia o mesmo para elevar o moral das tropas americanas. Para ela não devia ser muito difícil. Era subir um pouco as saias no longínquo palco coreano para que a soldadesca, gritando de prazer, esquecesse as mortes e os estropiados. O que fará Severiano para levantar o espírito guerreiro dos portugueses? Talvez prometa que se algum morrer por bala terrorista seja enterrado no Panteão ao lado da Amália, acompanhado pelas missas de lamúrias do Dom Zé Policarpo, Cardeal Patriarca, e pelo balanço dos turíbulos de prata que ainda não foram parar ao prego. Estamos em guerra sem estarmos em guerra? Com o Hermano José de férias alguém tem de o substituir para entendermos o politicamente correcto. Ahr,ahr,ahr! Não estou a rir , estou é a chonar.
PS: Claro que as guerras não são todas iguais. A nossa em África era colonialista. E a guerra no Iraque o que é? Os militares portugueses em África eram crimonosos de guerra à luz da democracia americana. E agora que estão a fazer a cobertura da destruição sangrenta dos criminossos americanos o que é que são? Forças democráticas? Claro! Para que serve a memória? Sobretudo a memória de alguma esquerda portuguesa sempre cheia de valores pacifistas...
manuelmelobento
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