Monday, August 28, 2006


"FORÇAS ARMADAS AÇORIANAS"

E a seguir a umas forças Policiais Regionalizadas, teríamos umas Forças Armadas Açorianas. Foi mais ou menos esta a questão levantada pelo dirigente comunista Aníbal Pires quando solicitado a pronunciar-se sobre a ineficácia das Forças de Segurança nos Açores. Mais de uma vez tive ocasião de dizer que os Açores estão ocupados militarmente e que são os açorianos na sua maioria despolitizados. Os poucos que restam deste terrível epíteto ou são colaboracionistas ou baixaram os braços. Estes três grandes grupos representam aquilo que somos. A maioria despolitizada e amorfa enquanto tiver “emprego” e arraial, copos e enxerga responderá a qualquer pedido de esclarecimento sobre a sua nacionalidade assim: somos portugueses! Os colaboracionistas dirão sobre a mesma questão: portugueses, claro! A restante população (os que baixaram os braços) afirmará mais baixinho: somos portugueses. Quem não perceber isto não percebe nada da história-política-económica-religiosa do povo ilhéu. O povo ilhéu é igual a outro qualquer, com a diferença que está rodeado de mar quer a maré esteja baixa ou assim-assim. A acrescentar a isto não pode fugir. Aqui é que reside uma grande incógnita. Esta só terá importância quando lhe faltar a paparoca. Reagirá a princípio como é natural mas se lhe enfiarem com uma potente força de repressão ficará manso que nem um coelho do mato no prato do abade. Durante quarenta e oito anos o povo açoriano foi transformado em mula de carga. Nunca deixou de ser português e se isso aconteceu algumas vezes no seu percurso histórico foi porque lho ordenaram. Obediência e falsa santidade é o que por aqui não falta. As forças de segurança e mesmo as forças militares sempre ou quase sempre estiveram nas mãos de açorianos. No tempo da repressão o sonho açoriano remetia-se ao paraíso das Américas. Ele (o povo) queria lá revoltar-se. Ele queria era fugir. Isso de pensar coisas da política é para os ricos! Os ricos são muito intelectuais... Em tirando-lhes o conduto que é como quem diz o lucro imoral das suas imensas actividades ficam furiosos e são os primeiros a procurarem o apoio da ralé (organizando-a) e do clero que com eles faz padinha e farinha exigindo muita reflexão. Daí o serem potenciais intelectuais. À ralé prometem o que lhe tiraram ou não lhe dão. À padralhada basta que sonhem com a perda de regalias para eles actuarem associados. O perigo, meu caro Aníbal Pires, não é termos Forças Policiais Regionais nem Forças Armadas indígenas que se pudessem articular em defesa dos interesses açorianos. O perigo é quando houver falta de... Se a nossa democracia açoriana só serve clientelas que colaboram entre si e entre si dividem os lucros o que não seria se essas mesmas forças estivessem ao serviço dos seus interesses (delas clientelas)? Isto é que é de temer. As putativas Forças Policiais Regionais e Forças Armadas indígenas estariam sempre em primeiro lugar ao serviço da “Zona Exclusiva Americana” e só depois se intercalaria no processo português. Sempre foi assim. Ou esquece-se o dirigente comunista de que os Açores não são independentes porque os americanos não quiseram nem querem. O seu raciocínio está deslocado. Preocupe-se com o emprego para a malta jovem, para esta não vir para a rua perturbar e engrossar a falta de segurança (que por enquanto é menineira) e que já faz reagir a sonolenta social-democracia sempre à espera de se entrosar na ordem-pública-poder-político de onde se arredou há já muito tempo por má conduta. Quanto ao senhor Alvarinho Pinheiro e o seu raciocínio acerca do tema referido, não percamos tempo com ele. Trata-se da direita zumbi e mítica cujos valores não se encontram (ainda) na Constituição.
manuelmelobento

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