Sunday, August 27, 2006


O PAGANISMO ECONÓMICO

O paganismo vive exclusivamente de ofertas votivas. Sem paganismo nunca se erigiria templos nem neles se concentraria a riqueza. Existe uma regra de ouro: henoteísmo. Isto é, preferência por uma determinada divindade. Nos Açores o henoteísmo toma uma forma “templária” só comparável às grandes religiões milenárias que tiveram existência explícita na Civilização Egípcia, terceiro milénio a.C. Os reis doavam vultuosas somas em ouro aos templos. Depois encorporavam-se em procissões rodeados de altos sacerdotes. Por vezes, o próprio rei era o sumo sacerdote. As estátuas dos deuses também se passeavam rodeados de altos dignitários. Havia música e festejos. Havia deuses mais importantes do que outros, isto é, tinham mais visitantes, sobretudo nos grandes aglomerados. Os santuários juntavam verdadeiras fortunas em jóias, ouro, estatuária em marfim e ouro, etc. Essas verdadeiras fortunas não serviam para nada. Só para ostentação! Estamos a falar do passado com mais de três mil anos. Esta tendência de aforramento inútil tão ao jeito dos pagãos impregnou-se nas civilizações vindouras. O Cristianismo imitando as religiões pagãs mantém um estilo muito esquisito para o gosto deste terceiro milénio que decorre cheio de satélites “dentro de casa”, telemóveis de terceira geração, computadores “misteriosos” que falam e vêem como pessoas ( credo!) e que até levam as polícias a descobrirem coisas íntimas dos mais inocentes... O Cristianismo mais parco em deuses, pois só utiliza quatro, também estendeu a divindade a outros seres outrora vivos, mas de menor dimensão. Mas a questão que se levanta é que hoje em dia o Criador pouco serve aos ofícios religiosos. Nunca aparece. Dizem que é um ser só espiritual e de pouca visibilidade. Porque é de raiz judaica parece que não há muita vontade em fazê-lo comparecer materialmente entre os fiéis (Os fiéis não o compreenderiam certamente). Cristo tem a sua representatividade em estátuas e pinturas. O povo não liga muito às pinturas. Gosta mais de estátuas sólidas. Tem no sangue aquela veia pagã que atravessa séculos sem se modificar. A mãe de Cristo veio mesmo a calhar para que todos os desígnios espirituais se materializassem e substituíssem o velho Jeová muito pouco comercial nos tempos que correm, para Roma. Por tudo que é sítio a Senhora já tem estátuas, templos e santuários. Tem sido muito rendosa e lucrativa para a Fé. Entretanto, outro deus se está a impor na aderência dos piedosos festivaleiros: o Espírito Santo que toma a forma de uma coroa com uma pomba branca encimada moldada em prata ou numa bandeira. Não há ninguém que não goste do Senhor Espírito Santo. Ainda o outro dia, a RTP/Açores apresentava uma peça em que perguntava às pessoas o que é que ele representava para elas. De repente, uma senhora que tinha estado a cortar carnes sem poder por ser doente respondia assim: “as minhas pernas ficam muito inchadas, mas é tudo por conta do Senhor Espírito Santo. Dá-me muita alegria esta festa com todos a comer as nossas sopas.” A Igreja ainda não vai muito com a cara do Senhor Espírito Santo – não dá lucro – mas como o povo adere em massa e ela não quer perder o controlo toca a abençoar tudo o que mexe por causa das dúvidas. Há quem defenda que isto não é paganismo ao mais alto nível. Realmente, se um bilião de pessoas no mundo, incluindo o bispo de Timor, acreditam, quem é que tem coragem para pôr em causa estátuas vestidas de algodão ou de veludo “cotlè”, a quem chamam imagens materializadas? – o que também não deixa de ser uma outra santa grande invenção: materializar uma imagem? Só mesmo de Roma! Valha-me Amôn-Rã...
manuelmelobento
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