Thursday, June 29, 2006


TELEBORRADA/AÇORES

Havia em Vila Franca do Campo um empresário muito rico que era dono de uma série de empresas. Uma delas o Teatro Vilafranquense. A “soirée” começava às nove horas. Quando Sua Excelência tinha um jantar melhorado ou recebia convidados em casa, a sessão de cinema só começava quando ele estivesse sentado na sua cadeira almofadada do camarote principal. Havia noites em que o povo chegava a esperar vinte e cinco minutos pelo dono e senhor das “fitas de cowboys”. Ele era tudo na Vila. Até era Presidente da Câmara Municipal. Eu, se estivesse no lugar dele, fazia o mesmo. É que quando chegava, a ralé dava palmas de contente. Ia começar a porrada com pancadaria que foi sempre (com raras excepções) aquilo que os americanos venderam e vendem ao mundo inteiro. Estou a falar de coisas reais e que se deram há sessenta anos. Salazar estava no poder e a PIDE era uma espécie de confessionário civil. Para aldeães como nós, a pontualidade é coisa que não existe. Só quando a barriga dá horas é que estes pachorrentos e mornaçosos autóctones são pontuais. Ah, e nas missinhas, que pároco que se preze não pode ofender o Senhor dos Infinitos... Tendo em conta que o programa da RTP/Açores de hoje, dia 29, anunciava a repetição do programa da Drª. Fernanda Mendes que dá pelo nome de “Sexo... é que é bom” ( que eu não tinha visto) e o último e expectante “Língua Afiada”, saí mais cedo do café Clipper e coloquei-me de frente para o aparelho de televisão. A doutora estava anunciada para as 18-30h. O Pedro Moura, em repetição, não havia maneira de acabar com as festas do Espírito Santo e levou-as até às 19h. Seguiu-se “Língua Afiada”. Ainda consultei os jornais e o indicativo do teletexto para ver se me tinha enganado. Mas não! Estava lá bem expresso. Lembrei-me do então Presidente da Câmara de Vila Franca... Daí ter começado este texto com aquela antiga e sempre actual recordação. Pouca coisa mudou entre nós em termos de mentalidades. Só nos regemos pelas horas certas da barriga... É preciso dizer que a “Língua Afiada” esperava pelo dr. César para o direito ao contraditório. Desconfiei que uma vez encarnando a figura do dr. Mota Amaral ele não aceitaria o repto lançado pelos responsáveis daquele programa. Mota Amaral fez o mesmo com Martins Goulart. Gostei da intervenção do socialista Pedro Arruda (troquei-lhe o nome numa das minhas crónicas). Mostrou que nem sempre os antolhos ficam bem a quem tem obrigação de difundir opinião correcta. Admirei-me, também, com Nuno Barata. Foi inteligente. Deu a volta ao texto e forneceu boas pistas para o futuro. “Língua Afiada” merece o lugar no pódio. Toma lá! Que isto não é nenhuma condecoração. Uma última palavra para o jornalista Rui Lucas. Boa análise e boa argumentação. É um homem preparado. De um a cinco ananases dou-lhes quatro. Fico com um!
manuelmelobento
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1 Comments:

At 12:21 PM, Blogger Nuno Barata said...

Eh Eh Eh, gostei do pormenos dos ananases.

 

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