Monday, September 18, 2006


TURISMO E PILANCAS

Dei por mim com um livrito de apontamentos a fazer uma pequena espécie de estatística. Ora lá vai uma, ora lá vão cinco louras nórdicas a passearem nesta cidade de Ponta Delgada. Apontei: seis. Persegui-as. Não é o que estão pensando. Olhei-as de frente. Bolas! Eram mais velhas do que eu. E eu já tenho descontos nos transportes, preciso de óculos para ler ao perto, a barba está branca, e apalpar as nádegas de uma galinácea qualquer já só serve para atrasar o prenúncio do Alzheimer. Sentei-me num banco da Avenida. Como é diferente o turismo micaelense... Há anos quando tive oportunidade de viajar por zonas turísticas aqueles fósseis não sonhavam sequer que os Açores existiam. Algumas ainda não siliconizadas procuravam outros destinos portugueses tais como a Madeira, o Algarve e até mesmo Lisboa. Safavam-se e muito bem. Freudavam com o chamado macho latino como quem deglutinava os caracóis da Amália e podiam chorar por mais. A malta não queria que lhes faltasse nada. A mini-saia trazida por elas fazia as vezes das actuais telenovelas brasileiras. O Estado Novo não as proibia, só não as queria ver em biquini, por causa do pessoal do Entroncamento. Os anos foram passando, o Galileu acabou por ter razão e o preservativo veio dar muito jeito. Porquê só agora vêm as nórdicas cheias de refolhos para aqui? Andou-se a propalar por esse mundo fora que isto aqui era um grande lar para a terceira idade? Terão subsídios para nos visitarem? Não comem em restaurantes! Que irão fazer no novo casino? Quando este estiver pronto entrarão de cadeiras de rodas e com o saquinho das compras feitas nos minimercados das esquinas ou da praça? Virão perfilar-se nas listas de espera do Hospital do Espírito Santo aproveitando a cidadania europeia? A venda dos Açores como está a ser feita? O secretário da economia já fez um apelo para nos prepararmos para o turismo que está a chegar. Mas quem virá e o que poderemos oferecer? Serviços? Leite? Queijo? Gastarão euros? Perdão cêntimos? E se fizéssemos um levantamento a sério sobre o que ganhamos com tal turismo, para não estarmos a trabalhar para o boneco como de costume? Quantas unidades hoteleiras são “nossas”? Que percentagem dos hotéis da Madeira pertencem aos madeirenses para compararmos? Os autóctones apenas servirão para serviçais? Em 2013 até as tetas das vacas açorianas hão-de secar. Bem, mas pode haver alternativa: é silicone para cima. Ao menos se os turistas resolverem fotografá-las elas parecerão vacas bonitas.
PS: perdeu-se a oportunidade de encararmos o turismo como fonte de grande rendimento há vinte anos. É verdade que temos mais camas! Mas as camas servem para dormir, acho eu. E o resto? O que está a fazer vibrar os Açores são os residentes! Este turismo não nos serve e estão criadas expectativas ilusórias! Se assim não fosse para que estava Duarte Ponte a pedir auxílio neste fim de Verão? Se a política de turismo tivesse resultado, o responsável pelo pelouro estaria neste momento a fazer contas a um grande êxito e a propalá-lo festivaleira e politicamente. Não foi! Só nos resta lembrar Alceu Carneiro: “conclusão concluída...”
manuelmelobento
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