Wednesday, April 07, 2010

Achegas para a conceptualização de O Pincelismo

Pelo facto de se aprender a ler e a pintar/desenhar na escola, não quer dizer que se venha a ser escritor ou pintor. Todavia nada impede que se escreva e que se pinte. Se encontrarmos, por exemplo, uma carta escrita por um Soldado Romano dirigida a uma namorada hebraica a narrar-lhe - num latim popular - o facto de ter encontrado Jesus de Nazaré a namorar com uma mulher que mais tarde veio a saber tratar-se de Maria Madalena, etc. Eis a importância de uma simples carta enquadrada num possível estudo histórico-religioso. Qualquer desenho-pintura pode ter também a sua utilidade num contexto cultural e histórico. Ninguém está impedido de escrever, pintar, desenhar, construir, etc.
O Pincelismo é um acto natural de expressão pictórica - no caso da pintura pois este conceito pode ser alargado a outras áreas. "Estudar" o Pincelismo pode ser considerado uma actividade pouco apelativa. A pintura ingénua pode confundir-se em princípio com o Pincelismo. Porém, há que saber distinguir um do outro na medida em que este é descomprometidamente universalista e sobretudo como acto humano livre da cópia. Nada deve impedir que o homem vulgar pinte. Nada deve impedir que um "analfabeto" se expresse sem o rigor de uma escola. A pintura ingénua é, hoje, considerada uma escola. A pintura "naif" exige um pintor "naif" para ser considerada como tal. No "pincelismo" não se exige um comportamento seja de que estilo for. Pode-se misturar estilos; pode-se "rigorosamente" pintar livremente sem ter de dar satisfação a escolas ou a críticos. O "pincelista" pode ser uma pessoa "culta" como o seu "contrário". O "pincelista" pode até pintar sem ter a noção de que pinta. O que é preciso para pintar? Tempo? sim!, habilidade?, negativo!Conhecer várias ou algumas técnicas de pintura?, negativo! O "pincelismo" será anárquico? Tal como o universo sub-atómico um todo nada rigoroso... Deverá o "pincelismo" fazer-se representar nas galerias das elites? Não necessariamente, porque estas são restritivas, o que lhe é contrário conforme a sua natureza. O "pincelismo" deve - se puder - estar presente em tudo que o suporte - paredes até - e só não deve ser representado no chão para não desbotoar. Quanto à forma? A que mais se conforme com a ideia mesmo que a mão a não acompanhe quando se expressar. No mundo das aparências, nem mesmo o que é aparente deixa de ser aparente.
Se o "pincelismo" tiver oportunidade de se projectar e criar sombra nem sequer é responsável por aquilo em que ela se transformar: sombra de sombra.
Há ideias disformes e disparatadas que o "pincelismo" procura materializar. O "pincelismo" é pois uma sombra... independente do "objecto".
O "pincelismo" é criativo? Nada é criador! Tudo é uma mistura. É como uma sopa de cenoura. A cenoura é apenas um dos elementos. Talvez o mais proeminente, logo a seguir ao líquido que a faz ser sopa de cenoura. O "pincelismo" foi "inventado" para chocar? Ele é o fruto de uma falta de escola e de academismo. Em democracia burguesa, tanto o menos abonado quanto o mais rico usufruem das comodidades do mundo capitalista moderno, em escalões diferentes, claro. Assim, o "pincelismo" - a menos abonada arte de pintar - também tem o seu espaço. E o espaço é de todos e para todos. Muitas pinturas "pincelísticas" são azul-cinzento. Este facto torna-as pouco apetecíveis à apreciação. Claro, quando se escurece uma pintura é por que não se domina a técnica, mas isso é um erro. Erro para a concepção dos Mestres, claro. Não se trata de uma posição nihilista porque se constrói por dentro das suas próprias dificuldades e por que se caracteriza pela não imitação. Quando imitar para reproduzir, o "pincelismo" deixa de ser manifestação primária e medíocre (passe o termo). O "pincelismo" é pertença generalizada, não é peça personalizada nem cuidada. Isso interferiria no seu processo metodológico. Bonita expressão para quem quer estar longe do academismo. Trata-se de um ligeiro percalço no percurso da diegese. Ah! Nada pode ser mais livre no "pincelismo que possa ficar escondido.
O "pincelismo" de tão confuso é transparente e tem como objectivo a fuga à comercialização. Enquanto o autor puder. Está claro! O comércio, a procura e a oferta desvirtualizam e condicionam a arte. Esta acaba por cair nas mãos dos agiotas que vivem da promoção do seu investimento descurando o sentido íntimo da arte.
O "pincelismo" não combate as outras correntes. Porém, não se associa com nenhuma em termos de troca porque se trata de uma atitude marginal estudada. Esta está boa. Será isto elitismo? Não vou responder... Pois mais parece uma atitude de refúgio. Aqui se encontra consigo mesmo. É um egoísmo que distribui ficando por outro lado em si mesmo.
Texto confuso? É o que se pode amanhar...
melito

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