Uma conversa com mmb
por B.C.
- B.C. "azorpress" ?
- mmb - Uma abertura a todas as mentalidades. Opiniões como orientações de modelo de liberdade e de pensamento.
- A liderar?
- Se for caso disso!
- Um partido na forja?
- Os partidos já existem no terreno. O que é preciso é corrompê-los por dentro e por fora. O que é preciso é criar uma mentalidade de prestação de serviço público a servir única e exclusivamente os Açores.
- Isso já dizem eles!
- Dizem mas não fazem. O serviço da cousa pública foi ocupado por empregados a tempo inteiro, a título vitalício. Uma afronta à democracia.
- As democracias funcionam assim. Se V. fosse para o poder fazia o mesmo?
- Já lhe disse que a liderar o faria na perigosa área da mudança de mentalidades. Não me vejo a beijocar criancinhas nem balzaquianas para caçar votos e ficarar sentado numa cadeira a dar uma de respeitável.
- E o que se ganha com isso?
- Acordar as pessoas. Dizer-lhes para se libertarem da mediocridade insular que se caracteriza por uma obediência que não leva a nada...
- V. propõe a desobediência civil? Não será perigoso?
- Desobediência assumida. Pacífica. Consciencialização. Não é preciso mais nada. Do tipo Gandhi.
- Os ingleses prenderam-no.
- As prisões fizeram-se para os homens e pelos homens. Os portugueses não têm condições de prenderem quem não pensa como eles. Isso faz parte do folclore do passado recente.
- Essa sua linguagem leva-nos a um separatismo encapotado!
- Nada disso! Se o fosse admitia-o já. No entanto, é preciso separar as águas. Portugal tem a sua forma de estar que não nos diz nada. Que não se coaduna com os nossos objectivos. Portugal está sempre em vias de bancarrota. Vivemos sempre com o credo na boca à espera que os portugueses do "continente" resolvam os seus problemas e os nossos. Os nossos maiores problemas foram eles que os criaram. Ficamos sempre atrás de tudo.
- Ir por aí cairíamos na independência...
- Existem dois aspectos dos quais não podemos abrir mão. Se o nosso povo tem direito a votar nos seus governantes é para eles resolverem os nossos problemas. Temos umas Forças Armadas que não obedecem ao poder político legalmente eleito. Temos Tribunais que não nos servem. Que estão desajustados à nossa idiossincrasia. Vou dar-lhe um pequeno exemplo. A ilha de Guernsey no Canal da Mancha tem um código penal e administrativo diferente do Reino Unido. A Polícia local é independente, embora cooperante quando se torna necessário. A Segurança dos açorianos depende totalmente de fora. Quem conhece melhor aquilo que precisamos? Somos nós ou eles?
- Essa sua liderança de mentalidades fica-se por aí?
- Não é bem liderança. É infiltração nas mentalidades. É isso que é preciso dizer e assumir. Nós não somos totalmente iguais aos continentais. Temos uma identidade própria. Não somos europeus. Não somos americanos. Somos um povo com quinhentos anos de isolamento e de atrasos significativos.
- A nossa economia é particularmente inexistente. Precisamos sempre de quem nos ajude.
- Está a falar de Portugal. Esse é o retrato que os portugueses do "continente" fazem de si próprios. Vivem sempre à rasca. Nos dias de hoje até o executivo português o confirma. A nossa classe empresarial é a mesma do Antigamente. Muitos poucos surgiram para nos ajudarem a sair deste atoleiro. Se pedirmos ajuda internacional não seria novidade. Muitos povos o fazem por esse Mundo fora. Ninguém nos representa no contexto internacional a não ser Portugal. E disso estamos fartos. É uma pouca vergonha. Até as nossas comunidades são controladas pelos encarregados de negócios portugueses. E este controlo é feito com a cumplicidade dos que elegemos. Somos feitos à imagem de um país com quase novecentos anos que não aprende com a História. Portugal encontra-se sempre na cauda de tudo. Queremos fugir desta miséria permanente. Em Portugal só as elites vivem bem. Ao resto da população cabe o futebol e as peregrinações a Fátima.
- Estamos na época do Espírito Santo. Também somos um pouco assim.
- As festas do Espírito Santo fazem parte do folclore regional. Come-se e bebe-se. Ir a Fátima não dá para para comer e beber. É tudo muito triste. O futebol dá alegria quando dá.
- Voltemos à economia. Como é que essa mentalidade nos pode salvar?
- O lucro do nosso trabalho. As nossas mais-valias são papadas por grandes grupos que se estabeleceram entre nós vindos de fora. Trabalhamos para eles. Somos uma espécie bem tratada de escravos modernos. Parte desses lucros tem de ser reinvestidos na Região. Não neste modelo de falsas participações. Além disso, a Banca tem de voltar-se para nós e não estar a pilhar-nos descaradamente. O nosso governo não tem mão nela. Isto escapa-lhe. Os nossos governos são uma espécie de tarefeiros com bons ordenados. Nenhum governo tem coragem para se impor. Isso significava perda do emprego. Eles não trabalham para nós. O que lhes tem valido para manterem os tachos são as verbas para calar o povo. Estas traduzem-se na construção de habitação social e na destribuição de falsos subsídios de desemprego. Muito bem encapotados. Isto permite viver-se por aqui numa ilusória paz social. Sem perturbações conseguiríamos dar a volta. É preciso expulsar os vendilhões que colaboram nesta sangria. É preciso denunciá-los à malta. Eles fazem parte de um modelo de extorsão do nosso povo. É pena não podermos já chegar ao seu juízo...
- Portugal abriu mão do cargo de Ministro da República. Não será isto uma atitude de boa vontade?
- Os Ministros da República sempre estiveram muito isolados. Eles perceberam o quanto era ingrata a sua missão neocolonialista. Não há espaço para eles. Se alguns tiveram uma sensação de portugalidade por aqui, isso deveu-se aos colaboracionistas que vendem a sua condição de açorianos por um ordenado certinho. Sempre os houve em todas as culturas. Agora temos um Representante. De quê?, pergunta-se. De Portugal evidentemente!
- É uma situação ao abrigo do reformulado Estatuto.
- Temos de esquecer que existe. Temos de criar-lhe incómodos, estabelecendo à sua volta uma terra de ninguém. Temos de convidá-lo a sair com a melhor das boas maneiras. Essa figura tem de sentir o que pensam dele os açorianos e transmitir a quem para aqui o mandou que nós já somos crescidinhos.
- O "6 de Junho" o que é para si?
- É todos os dias!
Trabalho de B.C. para "azorpress".
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- mmb - Uma abertura a todas as mentalidades. Opiniões como orientações de modelo de liberdade e de pensamento.
- A liderar?
- Se for caso disso!
- Um partido na forja?
- Os partidos já existem no terreno. O que é preciso é corrompê-los por dentro e por fora. O que é preciso é criar uma mentalidade de prestação de serviço público a servir única e exclusivamente os Açores.
- Isso já dizem eles!
- Dizem mas não fazem. O serviço da cousa pública foi ocupado por empregados a tempo inteiro, a título vitalício. Uma afronta à democracia.
- As democracias funcionam assim. Se V. fosse para o poder fazia o mesmo?
- Já lhe disse que a liderar o faria na perigosa área da mudança de mentalidades. Não me vejo a beijocar criancinhas nem balzaquianas para caçar votos e ficarar sentado numa cadeira a dar uma de respeitável.
- E o que se ganha com isso?
- Acordar as pessoas. Dizer-lhes para se libertarem da mediocridade insular que se caracteriza por uma obediência que não leva a nada...
- V. propõe a desobediência civil? Não será perigoso?
- Desobediência assumida. Pacífica. Consciencialização. Não é preciso mais nada. Do tipo Gandhi.
- Os ingleses prenderam-no.
- As prisões fizeram-se para os homens e pelos homens. Os portugueses não têm condições de prenderem quem não pensa como eles. Isso faz parte do folclore do passado recente.
- Essa sua linguagem leva-nos a um separatismo encapotado!
- Nada disso! Se o fosse admitia-o já. No entanto, é preciso separar as águas. Portugal tem a sua forma de estar que não nos diz nada. Que não se coaduna com os nossos objectivos. Portugal está sempre em vias de bancarrota. Vivemos sempre com o credo na boca à espera que os portugueses do "continente" resolvam os seus problemas e os nossos. Os nossos maiores problemas foram eles que os criaram. Ficamos sempre atrás de tudo.
- Ir por aí cairíamos na independência...
- Existem dois aspectos dos quais não podemos abrir mão. Se o nosso povo tem direito a votar nos seus governantes é para eles resolverem os nossos problemas. Temos umas Forças Armadas que não obedecem ao poder político legalmente eleito. Temos Tribunais que não nos servem. Que estão desajustados à nossa idiossincrasia. Vou dar-lhe um pequeno exemplo. A ilha de Guernsey no Canal da Mancha tem um código penal e administrativo diferente do Reino Unido. A Polícia local é independente, embora cooperante quando se torna necessário. A Segurança dos açorianos depende totalmente de fora. Quem conhece melhor aquilo que precisamos? Somos nós ou eles?
- Essa sua liderança de mentalidades fica-se por aí?
- Não é bem liderança. É infiltração nas mentalidades. É isso que é preciso dizer e assumir. Nós não somos totalmente iguais aos continentais. Temos uma identidade própria. Não somos europeus. Não somos americanos. Somos um povo com quinhentos anos de isolamento e de atrasos significativos.
- A nossa economia é particularmente inexistente. Precisamos sempre de quem nos ajude.
- Está a falar de Portugal. Esse é o retrato que os portugueses do "continente" fazem de si próprios. Vivem sempre à rasca. Nos dias de hoje até o executivo português o confirma. A nossa classe empresarial é a mesma do Antigamente. Muitos poucos surgiram para nos ajudarem a sair deste atoleiro. Se pedirmos ajuda internacional não seria novidade. Muitos povos o fazem por esse Mundo fora. Ninguém nos representa no contexto internacional a não ser Portugal. E disso estamos fartos. É uma pouca vergonha. Até as nossas comunidades são controladas pelos encarregados de negócios portugueses. E este controlo é feito com a cumplicidade dos que elegemos. Somos feitos à imagem de um país com quase novecentos anos que não aprende com a História. Portugal encontra-se sempre na cauda de tudo. Queremos fugir desta miséria permanente. Em Portugal só as elites vivem bem. Ao resto da população cabe o futebol e as peregrinações a Fátima.
- Estamos na época do Espírito Santo. Também somos um pouco assim.
- As festas do Espírito Santo fazem parte do folclore regional. Come-se e bebe-se. Ir a Fátima não dá para para comer e beber. É tudo muito triste. O futebol dá alegria quando dá.
- Voltemos à economia. Como é que essa mentalidade nos pode salvar?
- O lucro do nosso trabalho. As nossas mais-valias são papadas por grandes grupos que se estabeleceram entre nós vindos de fora. Trabalhamos para eles. Somos uma espécie bem tratada de escravos modernos. Parte desses lucros tem de ser reinvestidos na Região. Não neste modelo de falsas participações. Além disso, a Banca tem de voltar-se para nós e não estar a pilhar-nos descaradamente. O nosso governo não tem mão nela. Isto escapa-lhe. Os nossos governos são uma espécie de tarefeiros com bons ordenados. Nenhum governo tem coragem para se impor. Isso significava perda do emprego. Eles não trabalham para nós. O que lhes tem valido para manterem os tachos são as verbas para calar o povo. Estas traduzem-se na construção de habitação social e na destribuição de falsos subsídios de desemprego. Muito bem encapotados. Isto permite viver-se por aqui numa ilusória paz social. Sem perturbações conseguiríamos dar a volta. É preciso expulsar os vendilhões que colaboram nesta sangria. É preciso denunciá-los à malta. Eles fazem parte de um modelo de extorsão do nosso povo. É pena não podermos já chegar ao seu juízo...
- Portugal abriu mão do cargo de Ministro da República. Não será isto uma atitude de boa vontade?
- Os Ministros da República sempre estiveram muito isolados. Eles perceberam o quanto era ingrata a sua missão neocolonialista. Não há espaço para eles. Se alguns tiveram uma sensação de portugalidade por aqui, isso deveu-se aos colaboracionistas que vendem a sua condição de açorianos por um ordenado certinho. Sempre os houve em todas as culturas. Agora temos um Representante. De quê?, pergunta-se. De Portugal evidentemente!
- É uma situação ao abrigo do reformulado Estatuto.
- Temos de esquecer que existe. Temos de criar-lhe incómodos, estabelecendo à sua volta uma terra de ninguém. Temos de convidá-lo a sair com a melhor das boas maneiras. Essa figura tem de sentir o que pensam dele os açorianos e transmitir a quem para aqui o mandou que nós já somos crescidinhos.
- O "6 de Junho" o que é para si?
- É todos os dias!
Trabalho de B.C. para "azorpress".
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